Governo de Minas lança edital para construção do HoPE, maior investimento hospitalar do SUS no estado

Rafael Mendes / SES-MG

Novo Complexo de Saúde terá mais de 500 leitos e deve ampliar em até 60% a capacidade de internações na rede pública

O Governo de Minas Gerais oficializou, nesta quarta-feira (18/6), a publicação do edital de Parceria Público-Privada (PPP) para a construção, equipagem, operação e manutenção do Complexo de Saúde Hospitalar Padre Eustáquio (HoPE), que será implantado em Belo Horizonte. Com atendimento 100% direcionado ao Sistema Único de Saúde (SUS), o projeto representa um dos maiores aportes em infraestrutura de saúde da história recente do estado.

A estrutura será construída no bairro Gameleira, região Oeste da capital, e contará com mais de 500 leitos, incluindo 100 de UTI, além de 60 consultórios, 13 salas cirúrgicas e um moderno laboratório de análises. A expectativa é que o complexo eleve em mais de 40% o número de consultas especializadas — ultrapassando 200 mil atendimentos ao ano — e aumente em 60% as internações, atingindo a marca de 30 mil por ano.

“Estamos falando de um projeto que resolve gargalos históricos da saúde pública, substitui estruturas defasadas e entrega um novo modelo, mais eficiente, moderno e humanizado”, afirmou o secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti.

Estruturação moderna com apoio internacional
A iniciativa é coordenada pela Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra-MG), com apoio da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge), Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), Fundação Ezequiel Dias (Funed) e Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG). A modelagem técnica do projeto contou com o suporte da Corporação Financeira Internacional (IFC), do Grupo Banco Mundial, referência global em estruturação de PPPs.

“A PPP do HoPE é uma solução moderna e eficiente, que alia inovação e foco no cidadão. O novo prédio atende às exigências sanitárias atuais, superando as limitações estruturais dos prédios antigos, muitas vezes inadequados para a área da saúde”, explicou Pedro Bruno, secretário de Infraestrutura.

Excelência em diagnóstico e atendimento especializado
O HoPE será referência em cinco frentes de atendimento: oncologia, infectologia, pediatria, hematologia e maternidade/saúde da mulher. Além disso, será a nova sede do Laboratório Central de Saúde Pública de Minas Gerais (Lacen-MG), com capacidade para realizar até 1,5 milhão de exames laboratoriais e 375 mil análises sanitárias por ano, fortalecendo a vigilância em saúde e resposta a emergências.

As unidades assistenciais da Fhemig e o atual Lacen continuarão operando normalmente durante a construção. A migração para o novo complexo ocorrerá de forma gradual a partir de 2030, sem comprometer o acesso ou a qualidade dos serviços oferecidos à população.

Modelo de gestão baseado em eficiência e resultados
A operação do HoPE seguirá o modelo de PPP já validado em outras experiências bem-sucedidas no país, como o Hospital do Subúrbio (BA) e o Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro (MG). A empresa parceira será responsável por serviços de apoio não clínicos — como segurança, lavanderia, limpeza e alimentação — enquanto a assistência médica, os exames e os atendimentos continuarão sob a gestão da Fhemig e da Funed.

Atualmente, as duas fundações administram mais de 250 contratos distintos. Com a implementação do HoPE, esse número será substituído por um contrato único, otimizando a gestão e eliminando sobreposições, sem afetar os vínculos dos servidores públicos, que permanecem integrados ao Estado.
“É uma reorganização estratégica. O Estado permanece na linha de frente da assistência à saúde, mas com uma estrutura mais integrada e funcional”, destacou Baccheretti.

Investimento com foco em impacto social
O valor estimado da PPP, em valor presente líquido, é de R$ 2,4 bilhões, sendo R$ 1,8 bilhão destinados à infraestrutura e aquisição de equipamentos ao longo de 30 anos. Parte dos recursos será proveniente do Termo de Medidas de Reparação, firmado para compensar os danos causados pelo rompimento das barragens da Vale em Brumadinho, tragédia que tirou a vida de 272 pessoas e causou prejuízos sociais, ambientais e econômicos em todo o estado.

“O nome HoPE também significa esperança, e é exatamente isso que o projeto representa: um novo tempo para a saúde pública de Minas, com mais acesso, mais agilidade e mais cuidado para quem realmente precisa”, concluiu o secretário.

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