Minas Gerais lança edital de PPP para construção do Complexo Hospitalar Padre Eustáquio, em BH

Cristiano Machado / Imprensa MG

Com investimento estimado em R$ 2,57 bilhões, unidade terá mais de 500 leitos e será dedicada integralmente ao SUS

O governador em exercício de Minas Gerais, Mateus Simões, anunciou nesta terça-feira (17/6), durante a 38ª edição do Congresso do Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde), o lançamento do edital de Parceria Público-Privada (PPP) para viabilizar o Complexo de Saúde Hospitalar Padre Eustáquio (HoPE), em Belo Horizonte.

A iniciativa prevê a construção, equipagem, manutenção e operação da infraestrutura, além da prestação de serviços não finalísticos — ou seja, aqueles que não envolvem atendimento assistencial direto nem exames laboratoriais.

“É um momento muito importante na história da estrutura hospitalar do estado de Minas Gerais. O HoPE foi modelado dentro do que existe de mais moderno em práticas e técnicas de uma PPP no mundo, vai permitir 30 mil internações por ano, com mais de 500 leitos e cerca de oito blocos cirúrgicos”, destacou Simões.

Grande investimento com recursos da reparação de Brumadinho
Com atendimento 100% voltado ao SUS, o novo hospital será um dos maiores investimentos em saúde pública da história de Minas, com aporte estimado em R$ 2,57 bilhões ao longo de 30 anos, somando as fases de implantação e operação. O financiamento será viabilizado com recursos do Acordo de Reparação firmado com a Vale, voltado a projetos de alto impacto social.

“É uma PPP em que não há intervenção na atuação médica, no controle das equipes médicas. Estamos falando de uma estrutura de prédio e serviços para a saúde, para que nós possamos fazer o que a gente faz melhor, que é prestar assistência adequada a cada um dos mineiros”, completou o governador em exercício.

Atendimento integrado e agilidade em diagnósticos
O HoPE será um centro hospitalar moderno e integrado, com cinco linhas de cuidado — oncologia, infectologia, pediatria, hematologia, maternidade e saúde da mulher — além da incorporação do Laboratório Central de Saúde Pública de Minas Gerais (Lacen/MG) à estrutura.

A integração do Lacen ao complexo busca garantir diagnósticos mais rápidos, especialmente em situações de emergência e em resposta a eventos epidemiológicos. Entre os principais benefícios esperados estão a realização de exames de alta complexidade com maior agilidade, consultas especializadas e respostas mais eficientes no controle sanitário.

Gestão compartilhada com foco em eficiência
A administração do HoPE será feita por meio de modelo compartilhado entre o Estado e a empresa privada vencedora do processo licitatório. Caberá ao parceiro privado cuidar dos serviços de apoio como limpeza, segurança, lavanderia e alimentação, enquanto o atendimento médico e os exames laboratoriais seguirão sob responsabilidade da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) e da Fundação Ezequiel Dias (Funed).

A nova estrutura permitirá substituir mais de 200 contratos atualmente gerenciados por essas fundações por um único acordo, tornando a gestão mais eficiente e sem prejuízo aos direitos dos servidores.

Congresso fortalece debate sobre saúde pública
O anúncio foi feito durante o 38º Congresso do Conasems, realizado no Expominas, em Belo Horizonte, que reúne milhares de gestores, técnicos e autoridades da área da saúde. O evento reforça a construção coletiva do Sistema Único de Saúde (SUS) e discute os principais desafios e estratégias da gestão pública da saúde.

A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) participa com um espaço institucional voltado à troca de experiências e à apresentação de ações estratégicas, como as medidas de combate às arboviroses, à Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e os avanços do Acordo da Fundação Estadual de Saúde (FES).

Na abertura oficial, realizada na segunda-feira (16/6), participaram representantes dos três níveis de governo, incluindo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e o secretário estadual de Saúde de Minas Gerais, Fábio Baccheretti.

Baccheretti ressaltou a importância de fortalecer o papel dos municípios na formulação de políticas públicas mais próximas da realidade local.
“São vocês que conhecem de perto os problemas nos serviços de saúde, por estarem mais próximos das pessoas”, afirmou.

Ele também destacou os avanços da regionalização da saúde em Minas.
“Essa mudança de cultura demanda tempo. Vale a pena dar poder e força aos municípios para construirmos, de forma colaborativa, políticas públicas mais efetivas”, concluiu.

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